quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Probabilidade

Eu fazia o mesmo caminho todos os dias para ir até o meu trabalho. Certo dia, encontrei, caído no chão, um pacote; abaixei-me, peguei-o e olhei para os lados. Cogitei se era de um homem com um carrinho: não era, porque ali não havia o mesmo tipo de coisa. O dono não parecia estar por perto, assim, guardei-o comigo. Era um pijama, desses de criança.
Desde esse dia, passei a olhar curiosa para o mesmo ponto onde o achei, mecanicamente. "Será que hoje terá mais alguma coisa caída ali?"
A Física Quântica nos prova a "lei da probabilidade" - onde em um local tem mais chances de acontecer tal coisa do que em outros.
Ainda que a maioria de nós não tenha ouvido falar sobre isso didaticamente, acreditamos nisso intuitiva e subconscientemente.
Ao longo dos dias, percebi que era inútil o que eu fazia. Não era porque uma vez algo caiu ali, que nos outros dias também cairia. E mais: eu deixava de olhar para os outros lados, onde poderia ter coisas mais interessantes.
Percebi ainda o quanto fazemos isso no nosso dia-a-dia: porque encontramos amor em uma pessoa, uma vez, teimamos em continuar olhando para ela, tentando achar mais amor onde já não tem... onde achamos amizade, compaixão, alegria ou até ódio.
Assim, essa lei, tal como os provérbios, funcionam, mas apenas em determinado momento. "Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Às vezes, cai.
Ou para citar Paulo Coelho: "Nada no mundo está totalmente errado: até um relógio quebrado fica certo duas vezes ao dia". E adaptando: Nada no mundo está totalmente "certo".
Enfim, fazer de um ponto aleatório algo seguro e não olhar para os lados não é uma boa pedida. Melhor não acreditar nem em probabilidades, nem em raios...

|Se um dia eu der para a filha de alguém um pijama, vocês já sabem onde eu "comprei" =]~|
|Ficou meio auto-ajuda esse texto, não?|