sábado, 10 de abril de 2010

Um sentimento triste.

Há muito eu queria ir àquela festa. Era uma festa à fantasia anual, para a qual ainda não havia coincidido tempo e dinheiro.
Cheguei com uma amiga por volta da meia-noite. Fila. Conseguimos entrar às 01:30h da manhã. Lugar lotado, não dava para andar.
Fomos procurar nossos amigos. Estávamos em uma daquelas épocas em que metade dos nossos amigos namoravam e, geralmente, entre si.
Vimos alguns casais deles ao longe, mas era inútil gritar, impossível chegar até lá. Paramos em um ponto arejado próximo à piscina, afinal, estávamos em um clube. Ali minha amiga encontrou um affair que eu, particularmente, odiava.
Uma menina fez amizade com a gente e um ou dois caras dançavam perto. Eu, fantasiada, nunca me senti não desnuda. Olhei em volta para a quantidade de pessoas. Ali, diziam, estava a elite daquela cidade. Todos os mais bonitos, ricos, legais e interessantes.
Eles bebiam, conversavam e riam, como é normal.
Eu estava levemente consciente de que meus "acompanhantes" estavam ali, e, sinceramente, não fazia ideia se estavam falando comigo ou não; olhei de volta para eles: As duas meninas e o affair fumavam. Pensei se eu me sentiria diferente se agisse como eles e fumasse também. Teríamos algo em comum, conversaríamos, riríamos, beberíamos.
Mas, e em grande parte devido ao desenho "Ônibus Mágico" que eu assistia na infância, o qual mostrava como era nosso corpo por dentro, eu imaginei meus pulmões. Imaginei a fumaça entrando neles. Não, não valia a pena arriscar minha saúde para agradar àquelas pessoas.
Essa era a questão: Eu não queria que ninguém ali me admirasse, não queria agradar ninguém.
A única pessoa que me interessava estava sim, ali, mas com a namorada.
Sempre a única pessoa que me faria ficar.
Podíamos ficar conversando, bebendo refri em uma mesa, falando amenidades, besteiras, coisas sérias, o que quer que fosse; seria a única companhia satisfatória. Mas estava além. Ele estava num desses namoros "alma gêmea".
Respirei normalmente, olhei novamente para aquele amontoado de mundos à minha frente, dos quais eu não fazia parte e, mais importante, não conquistavam minha atenção, virei-me para minha amiga e disse que estava indo embora.