quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dia do ator

Desde que eu me entendo por gente, eu quero ser atriz.
Lembro que, nas festas que fazíamos no Natal, eu e minha prima inventávamos apresentações para a família.
Teve uma vez na qual eu ganhei dois vestidos de festa. Olhei para eles e corri pegar um caderno. Eu devia ter uns 8 anos de idade. Escrevi uma peça de teatro inteira, para mim e minha prima mais nova. Era sobre duas princesas.
Lembro de quando olhei para minha mãe e disse: "Mãe, eu quero ser atriz".
Ela me colocou em um curso de teatro e em um de modelo.
Me lembro bem de cada uma das aulas, que eu prestava atenção à cada coisa, para me tornar uma boa atriz. Para ser como aqueles que eu admirava.
E desses cursos, eu fiz desfiles, e mais cursos, até que apresentei minha primeira peça de teatro! Perfeito, maravilhoso, e recebi por isso.
Eu me lembro como fiquei chocada ao descobrir que os atores recebiam pelo trabalho.
Eu queria ser atriz porque eu queria, eu não sabia que era uma "profissão".
Eu estava ali, sendo feliz, fazendo uma coisa que eu amava, e ainda recebia!
Acho que é o conceito que fica intrínseco em nós quando somos crianças. As pessoas sempre reclamam do trabalho, né. Então, trabalho parece ser sinônimo de sofrimento. Você sofre, mas ganha o dinheiro.
No meu caso, eu estava sendo feliz e ganhando dinheiro.
Esse pagamento foi de R$15,00, mas para mim era muito. Em uma cidade do interior, para uma menina de 10 anos de idade. Para criança, qualquer dinheiro é sempre muito, né.
Bom, aí, na escola aonde eu estudava, a professora resolveu fazer uma peça de teatro. Mais do que depressa, eu me dispus a escrever.
Fizemos as apresentações por dois anos. Eu ajudava a escolher os atores e os dirigia.
Isso foi dos meus 11 aos 12 anos, mesma época em que eu fazia um curso de Teatro e TV, com o Luiz Henrique Rios, Ana Kfouri, Henri Castelli, Mário Frias, Fábio Barreto...
Mais peças foram aparecendo, workshops em São Paulo, outros grupos de Teatro... e eu sempre com meu objetivo maior: vir para São Paulo, me profissionalizar.
Participei de um grupo de jovens, o EAC, e logo na primeira semana, teve a seleção para fazer o teatro do Dia dos Pais. Corri para me inscrever e participei de todos os teatros e "socio-dramas" por 5 anos.
Era um lugar que eu amava muito e que, ainda por cima, tinha teatro!
Hoje, quando olho para trás e vejo todo o caminho que percorri, vejo como meus amigos mais queridos, chegaram em mim através do teatro, através de pessoas que faziam teatro comigo. E vejo o quanto o teatro me fez e me faz feliz.
Finalmente chegou o dia que eu mais queria: ir de encontro comigo mesma.
Mudei aqui para São Paulo, comecei a fazer parte de um grupo de Teatro, trabalhei com recreação, gravação e estou aqui, ainda no caminho, prestes a tirar meu DRT, escrevendo uma peça de teatro, trabalhando em uma adaptação e ensaiando mais duas peças, que serão apresentadas em outubro e dezembro, respectivamente.
Feliz, muito feliz. Orgulhosa pelo meu trabalho.
Hoje é Dia do Ator e quero dizer o quanto me sinto orgulhosa pelo trabalho de todos os atores (tá, nem todos). Pela dedicação que temos, pelo amor que temos à nossa arte. E que possamos mudar um pouquinho do mundo ao encenar histórias.
Feliz Dia do Ator!!!