quinta-feira, 28 de março de 2013

Claro e escuro; bem e mal.

       Ontem eu estava no salão, fazendo hidratação no cabelo, quando um homem entrou com uma criança no colo. A mãe estava cuidando dos cabelos também.
A menina era a coisa mais linda e, com seus 10 meses, tentava andar de um lado para o outro. O pai ora a segurava pela mãozinha, ora apenas o capuz, com cuidado para que a pequena aprendesse a andar sem se machucar.

Esses dias eu me lembrei da frase de um filósofo (não lembro qual), que disse: "Sem sofrimento não há compaixão".
As pessoas, no geral, se compadecem mais de pessoas que passam pelas mesmas situações; não raro menosprezando sentimentos que nunca viveram.

Esperando o tempo passar e observando aquela cena de pai e filha, essa frase fez um novo sentido: se não fosse a possibilidade da menina machucar-se, o pai não estaria ali, cuidando dela. Se todos fôssemos imortais, alimentação desnecessária e mal nenhum corrêssemos, quais as relações que os Homens realmente criariam?
Viveríamos plenamente o egoísmo, sem essa parte que nos faz tão frágeis?
Não existiria a busca pela aprovação do outro, a fome de competição. O que exatamente faríamos no mundo, quais profissões existiriam?
Medicina com certeza, não, pois não existiriam as doenças. As ciências? Não teríamos essa necessidade de saber de onde viemos ou para onde vamos, já que teríamos a certeza da imortalidade.
E as artes? Não precisaríamos de música para nos alegrarmos, literatura pra nos distrair, tão poucas coisas a contestar. Não teríamos um vazio do qual fugir ou tentar expressar.
A imortalidade seria um erro.
Claro e escuro, necessários.

domingo, 3 de março de 2013

Conversa sobre SP

Aí ele virou pra mim e disse:
- Todo mundo tá sempre ocupado, chego em casa tarde, não dá tempo e nem vontade de sair; me sinto sozinho, o custa de vida é alto... Não tive qualidade de vida nenhuma em SP.
E eu ri, ri dessa descrição perfeita da minha rotina, da rotina dessa cidade. Uma risada com um fundo triste, que você olha para as palmas das suas mãos e pensa: "É mesmo, onde fui amarrar meu bode?"
Talvez qualidade de vida também seja algo relativo, porque, apesar de eu considerar esses itens  como opositores dela, eu não quero largar tudo isso...
Acho que a maior qualidade de vida é a liberdade, e aqui eu me sinto assim. Liberdade de trabalhar no que quero, de estudar, oportunidades...
Meu coração tem as imagens de cada sorriso dos amigos daqui, há lembranças de tantas histórias, há vislumbres de começos de novas, há solo fértil para tantas coisas, que não tem como não amar essa cidade...