terça-feira, 1 de março de 2011

Reconhecer

A vida, se você reparar, é reconhecer.
Logo quando nascemos somos forçados a isso: “Olha, essa é a mamãe”, “Isso é um círculo”, “Aqui é a sua casa”.
A base da escola é reconhecer letras, números, dados e rotular coisas como bom, mau, certo ou errado, que você já viu ou é similar a.
Tudo o que fazemos ao longo dos anos é reconhecer formas que nos foram apresentadas; pelas experiências boas que tivemos na mais tenra idade, procuramos no hoje aquele mesmo sentimento; bem como expurgamos o que nos remete a maus momentos.
Aí obrigam-nos a “ter opinião própria” sobre todo e qualquer assunto que, na ânsia de opinar rapidamente (O que acha da atual situação do Egito? Da Líbia? Já leu sobre o CERN?) e mostrar quão intelectualizados somos, ao invés de analisar dados, nos levamos por impressões guardadas em nossa memória e, sem perceber, refutamos o mundo todo à nossa volta, pois achamos que já sabemos “tudo”.
Quando vemos uma pintura, por exemplo, tentamos enquadrá-la à nossa pré-definição da vida.
Tudo o que “não entendemos” é porque “não reconhecemos”
Poucas frases me irritam mais do que essas duas, a analisar: “Nunca vi tal coisa” e “Isso não é normal”.
A primeira denota uma arrogância ridícula, aonde “se eu nunca vi algo, não existe”.
E a segunda é, para mim, a base do preconceito e, consequentemente, da discriminação. O que é “normal”? Algo recorrente, a que estamos acostumados.
Como um ser humano pode saber “tudo” da vida se apenas procura referências do que considerou bom ou mau na infância?
Nossa vida “social” nessa selva de pedra faz com que não nos empenhemos em conhecer coisas novas, apenas adaptá-las ao que achamos que conhecemos/sabemos da vida.

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